SEDE DE SANGUE


"Sim, o aroma. O sabor suculento. Se peso e consistência. Imagino as chamas frias do elixir cascatearem pela minha garganta, nutrindo-me. Mas estou ressequido e debilitado. Um tronco seco. Minha necessidade cresce a cada passo dolorido que dou.

Breve. Precisarei de sangue em breve.

O ruído ritmado de saltos batendo na calçada me acorda. Movo-me para a escuridão do beco. A cadência me enlouquece. A fonte se aproxima.

Ali.. Ahhh. Um cheiro de perfume barato. O odor de tensão nervosa. A fragrância do sangue pulsante. Quase posso sentir o doce néctar.

A luz pálida de um poste banha a minha vítima. Cabelos longos roçam suavemente seu rosto, rosado pelo esforço; uma beleza que apenas eu posso apreciar. Seus olhos ansiosos correm de canto em canto, procurando divisar ladrões e estupradores.

Ela passa por mim, olhando rapidamente o beco. Surjo das sombras. Ao alcance da minha mão, posso ouvir seu coração batendo.

Tornei-me morte, um destruidor de almas.

Deslizo na direção da mulher. Sinto o odor de seu vital, e ele me excita. Poucos centímetros a separam de minha carícia. Minha mente urra de desejo...

NÃO!

Recuo, os braços tremendo. Não posso fazer isso. Um gemido escapa-me dos lábios. Ela gira os calcanhares e fita a escuridão, os olhos arregalados de terror. Mas ela é cega a minha presença, e com um suspiro arfante prossegue seu caminho. Provo meu próprio sangue, que escorre dos meus lábios mordidos entre minha presas, e a observo esvanecer da noite.

Estou só...


(Mark Hein Hagen - “Vampiro: A máscara”)