ESPERA


EIA, VAMOS!! ANDEM CAVALOS DOS INFERNOS!!! Gritava o cocheiro da grande carruagem negra com rodas vermelhas e detalhes de cabeça de serpente sobre o teto. Dois cavalos negros corriam e puxavam a carruagem num desfiladeiro à beira-mar numa noite de tempestade e mar bravio, dentro da carruagem uma dama e uma criança mortal de alguns seis meses de idade, na flor da idade se comparada a mim, a carruagem andava rapidamente e perigosamente para o momento em que se encontrava, curvas fechadas e escorregadias pela chuva em seu caminho, nada mais do que uma queda livre para o mar caso se desgovernasse. Eu estava bem acima, no topo das montanhas olhando a cena, se olhassem para cima com certeza me enxergariam com minha grande capa negra e vermelha e rosto pálido, refletindo os raios que caiam perto de mim, mas as chuvas e a pressa do cocheiro branco, vestido a rigor com seu chicote na mão que machucava os cavalos jamais me enxergaria naquela tempestade, foi quando a dama falou à escrava que a acompanhava para pedir ao cocheiro que diminuísse a velocidade, colocando a cabeça para fora a escrava gritou para o cocheiro:
- Mais devagar!!! A criança está assustada com seus gritos!!! — mas devido a chuva e trovões o cocheiro não escutou e continuava em disparada — O imbecil não escutou. — comentou tentando fazer a criança calar-se.
A tempestade continuava, a criança chorava e a carruagem ia cada vez mais alto no desfiladeiro, tudo contribuía para um ataque, mas resolvi aguardar; minha sede não estava tão grande e era possível uma espera. Eu tinha certeza que aqueles mortais estavam dirigindo-se para seu fim era tudo uma questão de espera.