CAMPEONATO MUNDIAL DE MARCAS


  1. km de Buenos Aires de 1972


Buenos Aires, 9 de janeiro de 1972



O campeonato mundial de marcas de 1972 apresentava uma mudança radical em relação ao ano anterior.

A cilindrada máxima foi reduzida para 3.000

A Porsche, grande vencedora dos mundiais quando era permitida a utilização de motores com 5 litros, abandonou a categoria, alegando falta de interesse em desenvolver um motor menor.

Alguns Porsche 908 com motores 3 litros, de equipes particulares, poderiam ser inscritos nas provas do campeonato.

A corrida de Buenos Aires foi a primeira prova do campeonato de 1972 e apresentou ao mundo o reformulado autódromo argentino.

O autódromo possui uma grande variação de circuitos, sendo escolhido para essa corrida, um com 6 km de percurso.

Era um circuito com grandes retas e inúmeros pontos de ultrapassagem.


Deveria ser utilizado pela fórmula 1, duas semanas depois.

Não foi, infelizmente.

Os treinos.

A Ferrari dominou os treinos.

O modelo 312 PB tinha um motor V12 com 460 cavalos a 11.000 rpm.

Pesava 585 kg e alcançava 340 km/h de velocidade máxima.

Para conduzir estas máquinas maravilhosas, a Ferrari inscreveu 3 duplas de pilotos de primeira linha.





Eram eles, Ronnie Peterson e Tim Schenken, Jacky Ickx e Mário Andretti, Clay Regazzoni e Brian Redman.

A segunda forca da corrida era, sem dúvida alguma, a equipe oficial da Alfa Romeo.

O time de pilotos, formado por Andrea de Adamich, Vic Elford, Rolf Stommelen, Helmuth Marko, Giovanni Galli, Antoine Hezemans, Nino Vacarella e Carlos Pairetti, era de respeito.

A Alfa Romeo 33 era equipada com um motor V8 de 3 litros que desenvolvia 440 cavalos a 9.800 rpm.

O carro pesava 640 kg e atingia 335 km/h

A Lola, outra equipe muito bem cotada, inscreveu 6 carros para a corrida.

Eram dois modelos T270 e quatro T210.

O resultado dos treinos que apontaram a ordem de largada, confirmou o que se esperava.




O melhor tempo foi da Ferrari de Peterson e Schenken.

A Alfa Romeo colocou o carro de Hezemans e Stommelen na segunda posição do grid.

Deu Ferrari em terceiro lugar com a dupla Ickx / Andretti.

E outra Ferrari em quarto, com os pilotos Clay Regazzoni e Brian Redman.

A primeira Lola, conduzida por Jo Bonnier e Reine Wisell, classificou-se em quinto lugar.

E os pilotos brasileiros?

Wilson Fittipaldi Jr e José Renato Catapani dividiam o volante de uma Lola 210.



Vários problemas mecânicos impediram uma classificação melhor que a 16a posição no grid.

José Carlos Pace, em parceria com o piloto argentino Angel Manguzzi, correu com um MAS.

Tratava-se de um carro italiano, equipado com motor Cosworth FVC de 4 cilindros e 2000cc

O carro desenvolvia 260 cavalos a 10.000 rpm

Ele pesava 425 kg e chegava a 280 km/h



Pace e Monguzzi classificaram o MAS em um sofrível 20o lugar, graças ao fraco desempenho do motor.

A corrida.

Largaram.

A Ferrari de Peterson e Schenken assumiu a ponta.

Uma volta depois, era ultrapassada pela Alfa Romeo de Stommelen e Hezemans.


Por pouco tempo.


A Alfa Conduzida por Stommelen, com o acelerador travado, saiu da pista.

Precisou reparar o defeito nos boxes.

Levaram 13 minutos para reparar o problema.

A Ferrari de Ronnie Peterson e Tim Schenken voltou a liderar.

Com folga.

Reine Wisell, que teve problemas na largada, fazia uma sensacional corrida de recuperação.



Dez voltas foram suficientes para a Lola T280 chegar ao quinto lugar.

José Carlos Pace conquistou seis posições durante o pouco tempo que permaneceu na pista.

Seu MAS teve uma ponta de eixo quebrada, obrigando o brasileiro a abandonar a corrida.

Para Wilson Fittipaldi Jr , a corrida não poderia ser pior.

A Lola T210 dos brasileiros foi 7 vezes aos boxes durante a prova.

Wilsinho deu apenas oito voltas.

Depois de tanto sofrimento, a Lola parou no meio do circuito.

Wilson Fittipaldi Jr foi caminhando até os boxes buscar uma peca e foi desclassificado.


Os carros começaram a reabastecer.


A Ferrari de Peterson / Schenken fez o seu reabastecimento e perdeu a liderança para a Lola de Wisell / Bonnier.

A Liderança da Lola T280 dava um tempero adicional a corrida.

A Ferrari era muito potente, porém, em compensação, seria obrigada a fazer três paradas para reabastecer, contra apenas duas da Lola.

A Lola T280 de Wisell e Bonnier era o destaque da prova.

Estabeleceu, para surpresa geral, o novo recorde do circuito, fazendo uma volta com a velocidade média de 181 km/h

Quando todos previam um bonito duelo, a Lola de Wisell parou, com o câmbio quebrado.

O abandono da Lola colocou a Ferrari de Peterson em situação extremamente favorável.

A outra Ferrari, conduzida por Regazzoni e Redman, estava tranqüila no segundo lugar.

O adversário mais próximo, a Alfa Romeo de Carlo Facetti e Andrea de Adamich, estava cinco voltas atrasado.



Era sé administrar o resultado.

E a Ferrari administrou.


A dupla Ronnie Peterson / Tim Schenken venceu, com méritos, os 1.000 km de Buenos Aires.


O resultado final foi o seguinte:

1 – Ronnie Peterson e Tim Schenken – Ferrari 312 P

2 – Clay Regazzoni e Brian Redman – Ferrari 312 P

3 – Carlo Facetti e Andrea de Adamich – Alfa Romeo 33/3

4 – Vic Elford e Helmuth Marko – Alfa Romeo 33/3

5 – José Maria Juncadella e John Hine – Chevron B19

6 – Jorge de Bagration e Juan Fernandez – Porsche 908

7 – Gerard Larousse e Chris Craft – Lola T280

8 – Nicolas Bosch e John Bridges – Chevron B19

9 – Nino Vacarella e Carlos Pairetti – Alfa Romeo 33/3

10 – Jacky Ickx e Mário Andretti – Ferrari 312 P


Campinas, 29 de dezembro de 2001


Claudio Medaglia