GRANDE PRÊMIO DA ALEMANHA DE 1980

10a etapa

Hockenheim, 10 de agosto de 1980

Reinava a tristeza em Hockenheim.
Uma semana antes, naquele mesmo local, Patrick Depailler tinha morrido enquanto pilotava um Alfa Romeo.
Depailler estava compenetrado em aprimorar a Alfa e corrigir 13 problemas relacionados na sua planilha de trabalho.
O acidente ocorreu no final da tarde, quase noite, na curva 1.
Ele bateu com tanta violência contra o guard-rail que teve as suas pernas seccionadas.
Patrick Andre Eugene Joseph Depailler , casado, sem filhos, morreu aos 35 anos.
Nascido em Clermont-Ferrand, no dia 9 de setembro de 1944, Depailler tinha Jim Clark como ídolo e era dentista formado.
Em 1974, na Tyrrell, ele foi o 9o colocado no campeonato.
Em 1977, na Tyrrell, ele conquistou a 8a colocação.
Em 1978, na Tyrrell, venceu sua primeira corrida, o GP Mônaco.
Em 1979, na Ligier, venceu o GP Espanha.
Depailler participou de 95 GPs.
Uma característica do temperamento de Patrick Depailler era o gosto por esportes radicais, o que prejudicou, sensivelmente, o desenvolvimento da sua carreira.
No final de 1973, recém contratado pela Tyrrell para o lugar de Cevert, sofre um terrível acidente de moto. Ele precisava ser carregado para dentro do carro durante as corridas.
Em 1979, depois de vencer o GP Espanha, sofreu um acidente de asa delta. Ele ficou afastado do resto da temporada, sendo substituído por Didier Pironi.

Os treinos:
A pole position ficou com a Williams de Alan Jones.
Aproveitando a característica de alta velocidade de Hockenheim, Jabouille ocupava a outra vaga na primeira fila.
Rene Arnoux, com a outra Renault, conquistava a terceira colocação.
Carlos Reutemann, com a outra Williams, ocupava o quarto lugar no grid.
A Ligier de Jacques Laffite ficou com o quinto lugar, enquanto Didier Pironi classificava-se em 7o
No meio das Ligier, colocava-se Nelson Piquet.
Piquet, no treino de Sexta-feira, realizado sob forte chuva, tinha sido o 3o mais rápido, demonstrando muita habilidade ao pilotar no molhado.
O outro carro da Equipe Brabham, conduzido pelo mexicano Hector Rebaque, classificava-se em 15o lugar.
Em oitavo lugar aparecia a grande surpresa do treino, o Fittipaldi F8 de Keke Rosberg.
E, para confirmar que não era um lance de sorte, Emerson Fittipaldi classificava-se em 12o lugar.
Mesmo com poucos treinos, o Fittipaldi F8 demonstrava ser um bom carro.
Com alguns ajustes, tempo e dinheiro, poderia melhorar muito.
Alain Prost, piloto da McLaren, ficou com a 14a posição .
A outra McLaren, pilotada por John Watson,ficou apenas na 20a colocação no grid.
Mais uma vez, a Ferrari envergonhava a sua enorme torcida.
Gilles Villeneuve obteve apenas o 16o lugar.
Jody Scheckter foi ainda pior. Ele ficou com 0 21o lugar.

A corrida.
Largaram.
Confirmando uma qualidade que se aprimorava, Alan Jones fez uma excelente largada.
Em seguida vinha a Renault de Jean Pierre Jabouille.
Logo atrás, Rene Arnoux com a outra Renault.
Em quarto e quinto, corriam as Ligier de Didier Pironi e Jacques Laffite.
A sexta posição era ocupada pela Williams de Carlos Reutemann.
O surpreendente F 8 de Keke Rosberg corria em sétimo lugar.
Emerson Fittipaldi largou bem e subiu para a 10a colocação na corrida.
Nelson Piquet ficou sem embreagem e, em conseqüência, largou muito mal, caindo para a 18a posição.
Na segunda volta, aproveitando a característica de altíssima velocidade do circuito alemão, Jean-Pierre Jabouille passou voando por Alan Jones.
A corrida era disputada num ritmo frenético.
Jacques Laffite ultrapassou seu companheiro de equipe, Didier Pironi, conquistando o quarto lugar.
Laffite partiu para cima da Renault de Rene Arnoux.
Jabouille abria grande distância para Jones.
Keke Rosberg ultrapassou Reutemann.
O Fittipaldi F8 estava se comportando muito bem.
Rosberg encostava nas Ligier.
Emerson Fittipaldi, comprovando as qualidades do F8, pulou para o 9o lugar na corrida.
Nelson Piquet demonstrava uma habilidade incomum ao pilotar o Brabham sem embreagem.
Tirando leite de pedra, Piquet recuperava as posições perdidas .
Na oitava volta, a sensação da corrida, Keke Rosberg, abandonava a prova.
Seu Fittipaldi F8 tinha perdido o aerofólio traseiro.
Um simples defeito de montagem abortava uma das melhores performances da Equipe Fittipaldi.
Foi uma pena.
Desgraça pouca é bobagem.
Emerson Fittipaldi, que também fazia ótima corrida, abandonou a prova, algumas voltas, com problemas nos freios.
O brasileiro estava sentindo, desde o início da corrida, uma certa instabilidade nas freadas.
Enquanto Nelson Piquet exibia sua maestria, seu companheiro de equipe, Hector Rebaque, deixava a corrida devido a quebra do rolamento da nova caixa de câmbio Weissmann.
A Brabham, preocupada com a pouca durabilidade do novo câmbio, só o instalava no carro de Rebaque.
Nelson Piquet só utilizava o câmbio Weissmann para os treinos classificatórios, pois ele permitia uma condução mais rápida.
Falando em Nelson Piquet e voltando à corrida, ele já estava na 10a posição.
A prova estava com a seguinte classificação:
1) Jabouille 2) Jones 3) Arnoux 4) Laffite
5) Pironi 6) Reutemann 7) De Angelis 8) Villeneuve
9) Andretti 10) Piquet
Jody Scheckter abandonou a corrida e confessou não imaginar que seria tão difícil pilotar depois de anunciar a sua aposentadoria.
Nelson Piquet ultrapassou Mario Andretti e conquistou a nona colocação.
Duas voltas mais tarde, Piquet tomou o oitavo lugar de Gilles Villeneuve.
Didier Pironi foi para os boxes com um semi-eixo quebrado.
Fim de corrida para ele.
Jabouille continuava líder.
Jones era o segundo.
O terceiro lugar era de Arnoux.
Laffite ocupava o 4o lugar.
Reutemann corria em quinto.
Piquet já era o 6o colocado na corrida.
Surpreendentemente, Alan Jones passou fácil por Jabouille.
A Renault do líder da prova perdeu potência e parou, quando todos imaginavam que venceria a corrida.
O drama da Equipe Renault se transformou em desespero quando, na mesma volta, o outro carro, que era pilotado por Rene Arnoux, também parou na pista.
Os dois carros tiveram o mesmo problema.
Molas de válvulas quebradas provocaram perda da pressão do óleo.
Alan Jones assumiu a liderança da corrida.
Ele tinha uma enorme distância para a Ligier de Jacques Laffite.
Em terceiro, isolado de todos, vinha Carlos Reutemann.
A quarta posição era ocupada pelo melhor piloto da corrida, Nelson Piquet.
O quinto lugar era de Elio de Angelis, com a sua Lotus.
Bruno Giacomelli, com a Alfa Romeo, corria em sexto.
A corrida estava chegando ao fim.
Faltavam 5 voltas.
Chegou a vez de Alan Jones.
O piloto da Williams tinha problemas com um pneu dianteiro.
Ele entrou nos boxes.
Jacques Laffite passou direto e assumiu a liderança da corrida.
A Equipe Williams trocou os dois pneus dianteiros do carro de Jones.
Carlos Reutemann também passou.
Alan Jones voltou à pista em terceiro, pouco à frente de Piquet.
Nelson Piquet tentou chegar em Jones.
Não deu.
Alan Jones voltou a andar forte e manteve uma distância administrável para Piquet.
Na última volta, Elio de Angelis quebrou e Bruno Giacomelli ficou com um ótimo quinto lugar.
Fechando a relação de pilotos que pontuaram, apareceu Gilles Villeneuve, para ficar com o sexto lugar.
Foi a primeira vitória de Laffite no mundial de 1980 e a sua quarta na fórmula 1.

Os primeiros colocados no GP da Alemanha de 1980 foram:
  1. Laffite ( Ligier )

  2. Reutemann ( Williams )

  3. Jones ( Williams )

  4. Piquet ( Brabham )

  5. Giacomelli ( Alfa Romeo )
  6. Villeneuve ( Ferrari )

A classificação do campeonato mundial de pilotos ficou assim:
  1. Jones = 41 pontos
  2. Piquet = 34 pontos
  3. Reutemann = 26 pontos
  4. Laffite = 25 pontos
  5. Arnoux = 23 pontos
  6. Pironi = 23 pontos
  7. Patrese = 7 pontos
  8. De Angelis = 6 pontos
  9. Daly = 6 pontos
  10. Emerson = 5 pontos
  11. Rosberg = 4 pontos
  12. Mass = 4 pontos
  13. Prost = 4 pontos
  14. Jarier = 4 pontos
  15. Villeneuve = 4 pontos
  16. Giacomelli = 4 pontos
  17. Watson = 3 pontos
  18. Scheckter = 2 pontos

Campinas, 28 de setembro de 2003
Claudio Medaglia