GRANDE PREMIO DA ÁUSTRIA DE 1976


Osterreichring, 15 de agosto de 1976



O campeonato chegou a sua 11a etapa, disputada no rapidíssimo circuito de Osterreichring devidamente modificado em relação ao ano anterior.

A curva onde, em 1975, Mark Donohue morreu, foi suavizada em seu traçado.

Outro fato histórico, digno de nota, foi a ausência da Ferrari, nesta que foi a primeira corrida depois do desastre de Niki Lauda na Alemanha.

Algumas curiosidades:

Vamos aos treinos.

Os dois dias para a apuração dos tempos de largada foram marcados por períodos de chuva, o que complicou bastante o trabalho dos pilotos.

As dez primeiras posições no grid de largada ficaram assim:

1 – James Hunt – McLaren

2 – John Watson – Penske

3 – Ronnie Peterson – March

4 – Gunnar Nilsson – Lotus

5 – Jacques Laffite – Ligier

6 – Tom Pryce – Shadow

7 – Vitório Brambilla – March

8 – Jose Carlos Pace – Brabham

9 – Mário Andretti – Lotus

10 – Jody Scheckter – Tyrrell

Chegou o Domingo.

Choveu pela manha.

Na hora da largada não chovia e a pista estava secando.

A organização da prova houve por bem retardar a largada por trinta minutos.

A pista secou.

Largaram.

James Hunt e John Watson pularam juntos na frente.

Na primeira bola dividida Watson não aliviou e pegou a ponta, seguido por Hunt, Peterson e Gunnar Nilsson.

Prometendo uma grande corrida, Ronnie Peterson ultrapassou James Hunt e conquistou o segundo lugar.

Um extraordinário Jody Scheckter, com a Tyrrell de seis rodas, largou em 10o lugar e, em duas voltas, já estava em quinto.

Na frente, Watson e Peterson disputavam todas as curvas.

Algumas vezes ficavam lado a lado.

Na terceira volta, Peterson, pilotando como um kartista, ultrapassa Watson e assume a liderança.

Ao mesmo tempo, Scheckter, que estava dirigindo como um demônio, ganha a quarta posição de Gunnar Nilsson.

Seguindo em um ritmo alucinado, Scheckter buscou, alcançou e ultrapassou James Hunt, conquistando o terceiro lugar.

Querem mais?

Pois tem mais.

Scheckter foi para cima de John Watson e obteve o segundo posto.

Estávamos na décima volta e Scheckter, sensacional, assume a liderança da corrida ao ultrapassar Ronnie Peterson.

Todos imaginavam que Scheckter iria sumir na frente e a corrida, em conseqüência, ficaria chata.

Não sumiu e não ficou.

Peterson não gostou de perder a liderança.

Na volta seguinte o sueco voador retomou a ponta ao ultrapassar Scheckter com muita disposição.

Watson, magnífico, aproveitando a surpresa do sul-africano com a manobra ultrapassa-o, e no mesmo movimento, supera Peterson também.

O irlandês John Watson passou os dois em um só lance.

Que corrida.

Watson liderava, seguido por Peterson e Scheckter.

Gunnar Nilsson, pilotando a Lotus negra, duelava com James Hunt a bordo de sua McLaren número onze.

Três voltas mais tarde, na mesma curva onde Donohue tinha morrido, o Tyrrell de Scheckter quebrou a suspensão e ele se espatifou no guard-rail.

Scheckter ficou fora da corrida com um ferimento leve na perna direita.

Watson, em primeiro, abriu boa vantagem.

O March de Peterson começava a perder rendimento, sendo ultrapassado por Nilsson.

Neste ponto da corrida, o destaque passou a ser Jacques Laffite, com sua Ligier Matra pintada com o tradicional número 26.

Fazendo uma corrida consistente, o francês atacou Peterson e conquistou o terceiro lugar.

Com uma pilotagem rápida e sem erros, Laffite duelou com Nilsson pelo segundo lugar durante dez voltas.

Gunnar Nilsson, fazendo outra prova brilhante resistiu o quanto pode.

Faltando poucas voltas para o final, Laffite assume o segundo lugar ao ultrapassar Nilsson.

Vittorio Brambilla, em tarde inspirada, tirou Patrick Depailler da corrida na segunda volta e, não satisfeito, encheu a traseira do retardatário Copersucar de Fittipaldi na volta 43.

John Watson venceu com onze segundos de vantagem sobre Laffite.

Gunnar Nilsson cruzou a linha de chegada em terceiro e fundiu o motor 10 metros depois.

John Watson, feliz da vida, raspou a sua tradicional e característica barba depois desta vitória.

Foi a primeira vitória de um irlandês na fórmula 1.

Foi também a primeira vitória da Penske na F 1.



Campinas, 27 de novembro de 1999.


Cláudio Medaglia