O campeonato chegou a sua 11a etapa, disputada no rapidíssimo circuito de Osterreichring devidamente modificado em relação ao ano anterior.
A curva onde, em 1975, Mark Donohue morreu, foi suavizada em seu traçado.
Outro fato histórico, digno de nota, foi a ausência da Ferrari, nesta que foi a primeira corrida depois do desastre de Niki Lauda na Alemanha.
Algumas curiosidades:
O Jornalista Harald Ertl, pilotando um Hesketh, conquistou um glorioso oitavo lugar.
Lella Lombardi conseguiu levar a sua Brabham até o final da corrida e obter o 12o posto.
Vamos aos treinos.
Os dois dias para a apuração dos tempos de largada foram marcados por períodos de chuva, o que complicou bastante o trabalho dos pilotos.
As dez primeiras posições no grid de largada ficaram assim:
1 James Hunt McLaren
2 John Watson Penske
3 Ronnie Peterson March
4 Gunnar Nilsson Lotus
5 Jacques Laffite Ligier
6 Tom Pryce Shadow
7 Vitório Brambilla March
8 Jose Carlos Pace Brabham
9 Mário Andretti Lotus
10 Jody Scheckter Tyrrell
Chegou o Domingo.
Choveu pela manha.
Na hora da largada não chovia e a pista estava secando.
A organização da prova houve por bem retardar a largada por trinta minutos.
A pista secou.
Largaram.
James Hunt e John Watson pularam juntos na frente.
Na primeira bola dividida Watson não aliviou e pegou a ponta, seguido por Hunt, Peterson e Gunnar Nilsson.
Prometendo uma grande corrida, Ronnie Peterson ultrapassou James Hunt e conquistou o segundo lugar.
Um extraordinário Jody Scheckter, com a Tyrrell de seis rodas, largou em 10o lugar e, em duas voltas, já estava em quinto.
Na frente, Watson e Peterson disputavam todas as curvas.
Algumas vezes ficavam lado a lado.
Na terceira volta, Peterson, pilotando como um kartista, ultrapassa Watson e assume a liderança.
Ao mesmo tempo, Scheckter, que estava dirigindo como um demônio, ganha a quarta posição de Gunnar Nilsson.
Seguindo em um ritmo alucinado, Scheckter buscou, alcançou e ultrapassou James Hunt, conquistando o terceiro lugar.
Querem mais?
Pois tem mais.
Scheckter foi para cima de John Watson e obteve o segundo posto.
Estávamos na décima volta e Scheckter, sensacional, assume a liderança da corrida ao ultrapassar Ronnie Peterson.
Todos imaginavam que Scheckter iria sumir na frente e a corrida, em conseqüência, ficaria chata.
Não sumiu e não ficou.
Peterson não gostou de perder a liderança.
Na volta seguinte o sueco voador retomou a ponta ao ultrapassar Scheckter com muita disposição.
Watson, magnífico, aproveitando a surpresa do sul-africano com a manobra ultrapassa-o, e no mesmo movimento, supera Peterson também.
O irlandês John Watson passou os dois em um só lance.
Que corrida.
Watson liderava, seguido por Peterson e Scheckter.
Gunnar Nilsson, pilotando a Lotus negra, duelava com James Hunt a bordo de sua McLaren número onze.
Três voltas mais tarde, na mesma curva onde Donohue tinha morrido, o Tyrrell de Scheckter quebrou a suspensão e ele se espatifou no guard-rail.
Scheckter ficou fora da corrida com um ferimento leve na perna direita.
Watson, em primeiro, abriu boa vantagem.
O March de Peterson começava a perder rendimento, sendo ultrapassado por Nilsson.
Neste ponto da corrida, o destaque passou a ser Jacques Laffite, com sua Ligier Matra pintada com o tradicional número 26.
Fazendo uma corrida consistente, o francês atacou Peterson e conquistou o terceiro lugar.
Com uma pilotagem rápida e sem erros, Laffite duelou com Nilsson pelo segundo lugar durante dez voltas.
Gunnar Nilsson, fazendo outra prova brilhante resistiu o quanto pode.
Faltando poucas voltas para o final, Laffite assume o segundo lugar ao ultrapassar Nilsson.
Vittorio Brambilla, em tarde inspirada, tirou Patrick Depailler da corrida na segunda volta e, não satisfeito, encheu a traseira do retardatário Copersucar de Fittipaldi na volta 43.
John Watson venceu com onze segundos de vantagem sobre Laffite.
Gunnar Nilsson cruzou a linha de chegada em terceiro e fundiu o motor 10 metros depois.
John Watson, feliz da vida, raspou a sua tradicional e característica barba depois desta vitória.
Foi a primeira vitória de um irlandês na fórmula 1.
Foi também a primeira vitória da Penske na F 1.
Campinas, 27 de novembro de 1999.
Cláudio Medaglia